Me formei em 2006 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fiz residência em Cirurgia Geral e, posteriormente, em Cirurgia do Aparelho Digestivo no Hospital das Clínicas da FMUSP. Após o término da minha residência em 2011, me dediquei ao tratamento do Câncer do Aparelho Digestivo, atuando no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, sobretudo em Cirurgia Pancreática, uma área com procedimentos de alta complexidade em que o número de casos tratados tem impacto direto nas taxas de complicações dessas cirurgias. O estudo desses resultados é a minha linha de pesquisa dentro da Universidade e o tema do meu projeto de doutorado. Desde que iniciei meus estudos em Cirurgia Pancreática, grande parte da minha dedicação foi em cirurgia minimamente invasiva, ou seja, feita através de pequenos cortes, primeiramente por via laparoscópica e recentemente por meio de cirurgia robótica.
Muitas pessoas já ouviram falar sobre as hérnias, contudo, não sabem como elas surgem e quais as formas de manifestação.
Uma hérnia da parede abdominal, é uma área de defeito ou fraqueza da parede, que permite a passagem o conteúdo da parede abdominal, gerando abaulamentos.
O desenvolvimento das hérnias ocorre por diferentes motivos. Alguns tipos de hérnia, como a umbilical, podem ser condições transitórias (após o nascimento ou durante a gravidez) enquanto outras são causadas por predisposição genética ou fraquezas na estrutura muscular.
Descubra abaixo como ela se manifesta, as causas, sintomas e tratamentos. Boa leitura!
A hérnia inguinal ocorre quando há passagem do conteúdo abdominal através de um orifício na parede abdominal, na região da virilha, onde fica o canal inguinal.
O principal sintoma dessa hérnia é o surgimento de uma protuberância na região da virilha. Geralmente, o paciente também apresenta dor, principalmente quando faz esforço.
As hérnias inguinais são mais frequentes no sexo masculino. São fatores de risco as seguintes condições:
Doenças pulmonares e tabagismo aumentam o risco de hérnia inguinal devido a pressão exercida na parede abdominal nos sucessivos episódios de tosse.
Já os pacientes com obstrução prostática desenvolvem as hérnias devido ao esforço para urinar, o que aumenta a pressão sobre a parede abdominal .
As principais complicações da hérnia inguinal são o encarceramento e estrangulamento da hérnia . No encarceramento , o volume do conteúdo da hérnia aumenta rapidamente, de forma que ela se torna irredutível, ou seja, o conteúdo não volta mais para cavidade abdominal. Isso normalmente causa muita dor e pode inclusive acarretar uma obstrução intestinal, caso uma alça do intestino delgado esteja presa dentro da hérnia.
A complicação mais grave, no entanto é o estrangulamento da hérnia , quando esse aumento súbito do conteúdo herniário causa uma interrupção do suprimento sanguíneo da alça intestinal herniária. Essa é uma emergência cirúrgica, visto que em poucas horas pode ocorrer necrose da alça e perfuração do intestino.
Essa preocupação é mais frequente nas hérnias de médio e grande porte, que podem conter alças intestinais. Hérnias pequenas apresentam taxas de complicações menores a curto prazo, mas em um período de
O diagnóstico é feito por meio de queixas clínicas e exame físico, com palpação do canal inguinal. Pacientes obesos ou com hérnias muito pequenas podem ser submetidos a exames complementares , como:
Toda hérnia inguinal, mesmo que assintomática , deve ser tratada. Em um prazo não muito longo, até 10 anos, a maior parte dos pacientes com hérnia inguinal terá complicações.
As hérnias inguinais costumam surgir como pequenos abaulamentos, contudo, o tamanho da protuberância pode aumentar conforme a doença evolui sem tratamento. Em casos extremos, as hérnias podem crescer até a bolsa escrotal.
A única forma de tratamento é a cirurgia . Ela consiste em reparo da hérnia, com a colocação de uma prótese, uma tela de material sintético que reforça a parede abdominal e corrige o defeito.
O tratamento com uso de telas é mais eficiente do que os feitos sem a utilização das mesmas. O índice de recidiva nos pacientes que utilizaram as telas é muito menor.
As principais complicações pós-operatórias são:
A cirurgia pode ser feita por via aberta ou por técnica laparoscópica , que é mais utilizada atualmente, pois o paciente sente menos dor e a recuperação é mais rápida.
Entre março de 2018 e 2019 foram realizadas mais de 281 mil operações de hérnia na parede abdominal pelo SUS. As estatísticas do Sistema Único de Saúde indicam que as hérnias estão presentes em até 20 e 25% da população adulta do Brasil, a depender da faixa etária.
O único tratamento é a cirurgia, portanto, caso você note um nódulo na região da virilha, agende uma consulta para verificar as causas e a forma de tratamento.
Quanto mais cedo a hérnia for detectada, mais simples será o procedimento cirúrgico. Portanto, não negligencie desconfortos ou abaulamentos na região inguinal.