Me formei em 2006 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fiz residência em Cirurgia Geral e, posteriormente, em Cirurgia do Aparelho Digestivo no Hospital das Clínicas da FMUSP. Após o término da minha residência em 2011, me dediquei ao tratamento do Câncer do Aparelho Digestivo, atuando no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, sobretudo em Cirurgia Pancreática, uma área com procedimentos de alta complexidade em que o número de casos tratados tem impacto direto nas taxas de complicações dessas cirurgias. O estudo desses resultados é a minha linha de pesquisa dentro da Universidade e o tema do meu projeto de doutorado. Desde que iniciei meus estudos em Cirurgia Pancreática, grande parte da minha dedicação foi em cirurgia minimamente invasiva, ou seja, feita através de pequenos cortes, primeiramente por via laparoscópica e recentemente por meio de cirurgia robótica.
A vesícula biliar é uma estrutura sacular ligada a via biliar principal através do ducto cístico. Sua função é armazenar a bile , um líquido produzido pelo fígado que auxilia na digestão de gorduras no intestino.
Sempre que comemos algum alimento gorduroso, o intestino libera um sinal para a vesícula biliar se contrair e liberar a bile no duodeno, fazendo com que a gordura seja emulsificada. Pode-se dizer que ela funciona como um “detergente”, permitindo a sua digestão posterior no Jejuno e Íleo, que são as porções mais distais do intestino delgado.
Alguns distúrbios podem prejudicar o funcionamento desse processo, o que leva à formação de cálculos (pedras) na vesícula. Neste artigo, você vai saber tudo sobre pedra na vesícula, seus sintomas, fatores de risco, diagnóstico e o tratamento mais indicado. Boa leitura!
As pedras na vesícula são formadas pela precipitação dos componentes do líquido biliar. Elas podem surgir devido a um desbalanço da composição da bile, por excesso de colesterol, de sais biliares ou, pela lentificação do esvaziamento da vesícula biliar.
Quando isso acontece, os cristais de colesterol começam a se precipitar, formando-se os núcleos dos cálculos, que posteriormente vão aumentando de tamanho. Os cálculos podem ser únicos ou múltiplos. Estima-se que até 20% da população adulta tenha pedra na vesícula.
A grande maioria dos pacientes com pedra na vesícula são assintomáticos e não vão desenvolver sintomas ao longo da vida. Estima-se que apenas 20% a 30% apresentarão sinais em um período de 20 anos, sendo que apenas 1% terá complicações mais sérias.
Nos casos sintomáticos, a principal reclamação é a dor no quadrante superior direito do abdômen, também conhecido como hipocôndrio direito. Normalmente, essa dor aparece sob forma de cólica e frequentemente causada por consumo de alimentos gordurosos. Além da dor, pode haver a presença de náusea e vômitos.
A pedra na vesícula também pode evoluir para formas mais complicadas, como é o caso da colecistite aguda. Essa obstrução do ducto cístico leva a um quadro de dor persistente que não melhora com nenhum analgésico.
Pode ocorrer, ainda, a migração do cálculo, levando a quadros de icterícia, que é causado pelo aumento das bilirrubinas. Além disso, há quadros ainda mais graves, como a inflamação pâncreas, mais conhecido como pancreatite aguda.
Sua causa principal é a precipitação de colesterol ou sais biliares na vesícula biliar. Isso pode acontecer por conta de um excesso da presença de colesterol, de sais biliares na bile ou por uma deficiência no esvaziamento da vesícula.
Os principais fatores de risco para a formação dos cálculos biliares são:
O diagnóstico é feito através de um exame de ultrassonografia de abdômen. Apesar de ser um exame corriqueiro, é o mais eficiente para a avaliação da vesícula biliar e não possui contraindicação, já que não usa radiação.
Eventualmente, quando há suspeita de que um cálculo tenha se movido da vesícula biliar em direção à via biliar principal, conhecido como coledocolitíase, costuma ser recomendada também a realização de ressonância magnética.
O tratamento é feito unicamente através da cirurgia, chamada de colecistectomia , que consiste na remoção da vesícula biliar. Ela é indicada para todos os pacientes com pedra na vesícula que tenham os sintomas relacionados ou apresentem algum tipo de complicação, como:
No caso dos pacientes sem sintomas, deve-se levar em consideração alguns fatores, como idade e doenças associadas. Para pacientes jovens e com risco cirúrgico baixo, a cirurgia pode ser recomendada em casos específicos, em que apresentam:
Já em pacientes idosos ou com alto risco cirúrgico, o tratamento deve ser conservador.
É importante salientar que pacientes com sintomas devem ser tratados precocemente, porque quanto mais tempo se passa, aumentam as complicações do tratamento cirúrgico.
O tratamento cirúrgico é feito por via minimamente invasiva, através de pequenas incisões, o que causa pouca dor, ótimo resultado estético e rápido retorno às atividades do dia a dia.
A pedra na vesícula é uma doença bastante frequente. Segundo dados do Ministério da Saúde , 2 em cada 10 brasileiros sofrem com o problema.
O único tratamento existente é o cirúrgico, que consiste na remoção de toda a vesícula biliar. Sua indicação é para todos os pacientes sintomáticos e para aqueles pacientes assintomáticos com baixo risco cirúrgico.
Caso você sinta dores intensas e persistentes no lado direito do abdômen, procure imediatamente o seu médico para que ele realize os exames necessários pois isso podem ser as pedras na vesícula.