Me formei em 2006 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fiz residência em Cirurgia Geral e, posteriormente, em Cirurgia do Aparelho Digestivo no Hospital das Clínicas da FMUSP. Após o término da minha residência em 2011, me dediquei ao tratamento do Câncer do Aparelho Digestivo, atuando no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, sobretudo em Cirurgia Pancreática, uma área com procedimentos de alta complexidade em que o número de casos tratados tem impacto direto nas taxas de complicações dessas cirurgias. O estudo desses resultados é a minha linha de pesquisa dentro da Universidade e o tema do meu projeto de doutorado. Desde que iniciei meus estudos em Cirurgia Pancreática, grande parte da minha dedicação foi em cirurgia minimamente invasiva, ou seja, feita através de pequenos cortes, primeiramente por via laparoscópica e recentemente por meio de cirurgia robótica.
A cirurgia realizada em casos de pedra na vesícula é a colecistectomia, procedimento no qual é retirada toda a vesícula biliar.
Essa cirurgia foi feita pela primeira vez no século XVI em Berlim, sofrendo inúmeras modificações ao longo do tempo até chegar ao que é hoje.
Atualmente, a remoção do órgão é feita de forma minimamente invasiva, por meio de pequenas incisões na pele.
Com isso, os cortes podem variar de 3 a 10 mm, com rápida recuperação no pós-operatório e com ótimo resultado estético.
No nosso organismo, a vesícula biliar está localizada junto ao fígado, que armazena a bile (líquido importante no processo de digestão de gorduras). Contudo, o organismo consegue digerir e absorver os alimentos normalmente sem o auxílio da vesícula. Portanto, o tratamento cirúrgico é a remoção do órgão.
Por isso, sempre que houver sintomas de pedras na vesícula, a colecistectomia deverá ser realizada, principalmente quando esses cálculos causarem complicações, como:
Contudo, pacientes jovens com muitos cálculos têm mais riscos de ao longo da vida sofrerem com algumas
complicações, mesmo sem apresentar sintomas. Sendo assim, o procedimento cirúrgico é recomendável também nesses casos, pois há um risco baixo de complicações e uma recuperação rápida no pós-operatório.
A realização do exame de ultrassonografia do abdome é essencial durante a avaliação pré-operatória, pois permite o correto diagnóstico, determina tamanho e número dos cálculos, bem como pode apresentar informações importantes sobre eventuais formas complicadas da doença. Dessa forma, é possível que o cirurgião tenha um melhor preparo melhor para eventuais dificuldades durante o procedimento.
Muito importante também são os exames de sangue realizados durante o pré-operatório, sobretudo a dosagem de enzimas hepáticas, como a fosfatase alcalina e a Gama-GT, pois, quando alteradas, podem sugerir que um dos cálculos tenha migrado para o canal biliar.
Pacientes com
menos de 40 anos sem outras doenças associadas não precisam realizar nenhum outro exame pré operatório. Já para pacientes mais velhos, são importantes o
eletrocardiograma e radiografia de tórax. Pacientes com
comorbidades relevantes, como diabetes ou insuficiência cardíaca, devem sempre consultar o especialista responsável pelo tratamento dessas comorbidades antes de qualquer procedimento cirúrgico eletivo.
A cirurgia para pedra na vesícula consiste na remoção de toda a vesícula, pois caso contrário, ocorrerá recidiva em 100% dos pacientes.
O procedimento é feito por meio de quatro pequenos cortes na região do umbigo, um de 10 mm e outros de 5 mm. A colecistectomia também pode ser feita por minilaparoscopia, com instrumentos mais finos (3 mm), reduzindo ainda mais as cicatrizes.
Além disso, existe um outro procedimento mais moderno por portal único, diretamente na cicatriz umbilical. Porém, exige uma incisão de 25 mm no umbigo e o custo ainda é elevado, além de não ser reconhecida a segurança do procedimento.
Mesmo com um índice baixo de complicações, muito raramente pode acontecer a lesão da via biliar. Por isso, é importante realizar exames complementares no intraoperatório, como a colangiografia e com dissecção cuidadosa das estruturas.
O risco aumenta conforme os casos são mais graves e por esse motivo, o tratamento cirúrgico deve ser feito quando os sintomas são mínimos. Isso porque à medida que se
adia o procedimento, os riscos de uma
cirurgia de emergência aumentam e portanto, o procedimento será feito
sem a devida avaliação pré-operatória e todos os recursos necessários, o que aumenta ainda mais o risco de haver complicações, principalmente em idosos.
A cirurgia para pedra na vesícula é a melhor opção no tratamento de pessoas com cálculos.
Mesmo sem os sintomas que variam de dores e náuseas até inflamação aguda do pâncreas, a cirurgia reduz consideravelmente o risco de complicações futuras. Também é indicada na presença de pólipos nessa região, que podem evoluir para um câncer da vesícula biliar. Esse procedimento eletivo costuma durar ,em média, 45 minutos e exige um tempo de internação pequeno, de um a dois dias.
Além disso,
a recuperação também costuma ser rápida. Em cerca de uma semana é possível retornar às atividades normalmente.
Como todo processo cirúrgico, principalmente na retirada de um órgão, é necessário um período de adaptação. Por isso, é recomendável manter uma alimentação balanceada e sem exageros de gordura. Do contrário, é relativamente comum ter diarreia depois de ingerir alimentos gordurosos.
Além disso, são necessários alguns dias de repouso, evitando o esforço físico por cerca de três semanas, sempre com acompanhamento médico.
Se você não possui sintomas que indiquem uma cirurgia para pedra na vesícula, ainda assim é importante manter um acompanhamento médico regular.
Assim você poderá, inclusive, prevenir diversas complicações que podem surgir com o adiamento de um procedimento simples como a colecistectomia.
Se você gostou do artigo sobre a cirurgia para pedra na vesícula, não deixe de acompanhar as postagens do nosso
blog!