Me formei em 2006 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fiz residência em Cirurgia Geral e, posteriormente, em Cirurgia do Aparelho Digestivo no Hospital das Clínicas da FMUSP. Após o término da minha residência em 2011, me dediquei ao tratamento do Câncer do Aparelho Digestivo, atuando no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, sobretudo em Cirurgia Pancreática, uma área com procedimentos de alta complexidade em que o número de casos tratados tem impacto direto nas taxas de complicações dessas cirurgias. O estudo desses resultados é a minha linha de pesquisa dentro da Universidade e o tema do meu projeto de doutorado. Desde que iniciei meus estudos em Cirurgia Pancreática, grande parte da minha dedicação foi em cirurgia minimamente invasiva, ou seja, feita através de pequenos cortes, primeiramente por via laparoscópica e recentemente por meio de cirurgia robótica.
A cirurgia robótica é uma excelente alternativa para tratamento de condições que afetam o aparelho digestivo como um todo. Por ser um método menos invasivo do que a cirurgia aberta, eficiente e seguro, o procedimento oferece um pós-operatório mais confortável ao paciente. Neste artigo, vamos ver mais sobre um tipo específico de procedimento, a cirurgia robótica de câncer de estômago.
O câncer de estômago, também conhecido como câncer gástrico, é um dos tumores malignos mais comuns no Brasil. De acordo com o INCA, ele é o quinto mais frequente entre as mulheres, além de ser também o terceiro mais diagnosticado em homens.
No geral, esse é um câncer que se desenvolve lentamente, ao longo de anos, e só manifesta sintomas em fases avançadas da doença. Por isso, manter bons hábitos ao longo da vida é fundamental para a prevenção desta patologia.
Na cirurgia robótica o médico cirurgião opera instrumentos cirúrgicos de altíssima tecnologia com auxílio de uma plataforma de cirurgia robótica, que permite a realização de movimentos com mais precisão e de maneira minimamente invasiva, operando porções pequenas do tecido.
Nesse tipo de cirurgia o robô conta com uma câmera responsável por gerar imagens em alta definição e em 3D. Ele possui pinças articuladas que fazem a movimentação com precisão superior à mão humana e, geralmente, o equipamento é composto por 3 diferentes elementos. São eles:
1. Equipamento central, que gerencia a maior parte das informações e das imagens;
2. Console, onde o cirurgião pode observar e controlar as imagens em 3D;
3. O robô em si, acoplado ao paciente para realização do procedimento.
A cirurgia de câncer de estômago robótica pode ser realizada para diferentes tipos de tumores nesse órgão. São eles:
Esse procedimento permite melhor visão das estruturas a serem tratadas, o que associado a maior precisão dos movimentos, permite a realização de cortes menores e também há menor sangramento durante a cirurgia. Dessa forma, a recuperação do paciente também é mais rápida, ele passa menos tempo internado e diminui-se a incidência de dores ou complicações no pós-operatório.
Por fim, há benefícios também para o cirurgião, que ganha ergonomia na cirurgia, diminuindo a fadiga em procedimentos demorados.
Tudo depende do tipo de cirurgia de câncer de estômago. No caso da gastrectomia robótica, primeiramente o paciente é colocado sob anestesia geral.
Quando o paciente já está dormindo, o médico responsável pela cirurgia de câncer de estômago fará entre quatro ou cinco pequenas incisões nas proximidades do órgão.
Em seguida, os instrumentos cirúrgicos robóticos e a câmera serão colocados por meio dessas incisões, uma vez que auxiliarão na cirurgia.
Por fim, o cirurgião trabalhará em um console próximo, dentro da sala cirúrgica, para direcionamento das ferramentas robóticas.
A operação robótica normalmente leva uma hora a mais do que uma cirurgia aberta tradicional. No entanto, isso não é regra e cada caso é um caso, devendo ser avaliado em suas particularidades.
Em comparação à cirurgia de câncer de estômago convencional e laparoscópica, a robótica se destaca principalmente pelas dissecções mais cuidadosas com melhor ergonomia para equipe, trazendo mais conforto e segurança ao paciente.
Essa escolha deve ser sempre orientada pelo médico cirurgião. Portanto, ao receber o diagnóstico da doença é fundamental entender qual a melhor maneira de realizar o tratamento mais adequado.
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