Me formei em 2006 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), fiz residência em Cirurgia Geral e, posteriormente, em Cirurgia do Aparelho Digestivo no Hospital das Clínicas da FMUSP. Após o término da minha residência em 2011, me dediquei ao tratamento do Câncer do Aparelho Digestivo, atuando no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, sobretudo em Cirurgia Pancreática, uma área com procedimentos de alta complexidade em que o número de casos tratados tem impacto direto nas taxas de complicações dessas cirurgias. O estudo desses resultados é a minha linha de pesquisa dentro da Universidade e o tema do meu projeto de doutorado. Desde que iniciei meus estudos em Cirurgia Pancreática, grande parte da minha dedicação foi em cirurgia minimamente invasiva, ou seja, feita através de pequenos cortes, primeiramente por via laparoscópica e recentemente por meio de cirurgia robótica.
Você sabe o que é diverticulite? Este conteúdo foi preparado especialmente para aqueles que desejam saber as principais informações sobre esta complicação gastrointestinal que atinge mais de 150 mil brasileiros anualmente
.
A seguir, falaremos sobre os sintomas, causas e a diferença entre diverticulite e doença diverticular. Boa leitura!
Antes de tudo, para entendermos o que é diverticulite e como ela age no nosso intestino, é preciso compreender a existência dos divertículos.
Os divertículos são pequenas saliências ou bolsas que podem ocorrer em qualquer parte do trato digestivo, mais comumente entre as fibras musculares das paredes do intestino grosso. O surgimento destes está diretamente relacionado ao menor consumo de fibras na alimentação diária
.
Desta forma, a diverticulite ocorre quando os divertículos inflamam ou infeccionam, podendo causar perfurações na parede intestinal, aumentando o risco dos resíduos “vazarem”. Esta é uma das complicações mais comuns da doença diverticular.
Quando ocorre infecção, causada pela perfuração de um divertículo, denomina-se o quadro de diverticulite aguda
. Caso essa infecção esteja retida apenas na região da perfuração, chama-se de diverticulite aguda não complicada. Já em uma situação um pouco mais grave, quando há abscesso ou peritonite, o caso é classificado como diverticulite aguda complicada.
Entre os principais sintomas da diverticulite encontram-se:
É preciso reforçar aqui a diferença entre a presença numerosa de divertículos no intestino grosso, que é chamada de diverticulose ou doença diverticular, e a inflamação dos divertículos, complicação
que é denominada diverticulite.
Enquanto a diverticulose atinge um número de pessoas muito maior, chegando a quase 50% da população a partir de 50 anos e a 100% dela aos 80 anos
, a diverticulite limita-se a uma porcentagem muito menos significativa.
A maioria dos pacientes que possuem diverticulose são assintomáticos . Uma parcela pequena deles apresenta dor abdominal e mudança no hábito intestinal, elevando o quadro para uma doença diverticular. Esses pacientes devem ser investigados e diagnosticados por um profissional da área para que seja possível fazer o tratamento adequado.
A causa da diverticulite é consequência do acúmulo de fezes nas bolsas e saliências
, gerando a infecção e inflamação dos divertículos.
Já a presença de divertículos é causada pela falta de fibras na dieta alimentar, pelo envelhecimento e perda de elasticidade da musculatura intestinal, pela predisposição genética e aumento da pressão no interior do cólon.
É importante deixar claro que a diverticulite, que não está diretamente relacionada com o câncer de intestino
, é uma complicação da doença diverticular e deve ser diagnosticada e tratada por um médico especialista.